Introdução
A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstói, é uma das obras-primas da literatura mundial. Publicado em 1886, o livro narra a vida e a morte de um juiz de instrução que, após uma queda, descobre que está gravemente doente e tem pouco tempo de vida. A partir daí, ele passa a questionar o sentido da sua existência e a refletir sobre as escolhas que fez ao longo dos anos.
Neste artigo, vamos analisar os principais aspectos deste clássico da literatura, dividindo-o em três partes: o funeral, a biografia e a morte de Ivan Ilitch. Também vamos abordar os temas filosóficos e existencialistas que o livro levanta, bem como a crítica social que Tolstói faz à sociedade burguesa do século XIX. Por fim, vamos destacar a importância e a relevância desta obra para os leitores de hoje.
O funeral de Ivan Ilitch
O livro começa com o funeral de Ivan Ilitch, que morreu aos 45 anos de idade. Nesta parte, somos apresentados aos seus colegas, amigos e familiares, que comparecem ao velório por mera formalidade e demonstram pouca compaixão pelo falecido. Eles estão mais preocupados com os benefícios que podem obter com a sua morte, como uma possível promoção ou uma herança.
A única pessoa que parece sentir alguma pena por Ivan Ilitch é o seu colega Piotr Ivanovich, que decide visitar o seu quarto e ver o seu corpo. Lá, ele encontra Guerássim, o criado de Ivan Ilitch, que cuidou dele durante a sua doença. Guerássim é o único personagem que trata a morte com naturalidade e respeito, sem medo ou hipocrisia.
Nesta parte, Tolstói nos mostra como a morte é vista pela sociedade burguesa como algo indesejável e vergonhoso, que deve ser escondido e evitado. Os personagens não conseguem lidar com a ideia da sua própria mortalidade e preferem ignorar ou negar a realidade. Eles vivem em um mundo de aparências e mentiras, onde o que importa é o status, o dinheiro e o prazer.
A biografia de Ivan Ilitch
A segunda parte do livro conta a história de Ivan Ilitch desde a sua infância até o seu último suspiro. Nesta parte, acompanhamos os seus pensamentos e sentimentos mais íntimos, bem como as suas escolhas e ações ao longo da sua vida.
Ivan Ilitch era um homem comum, que seguia as convenções sociais e buscava uma vida confortável e respeitável. Ele estudou direito e se tornou um juiz de instrução competente e bem-sucedido. Ele se casou com Praskóvia Fiódorovna, uma mulher bonita e elegante, com quem teve três filhos. Ele comprou uma casa luxuosa e decorou-a com bom gosto. Ele tinha amigos influentes e frequentava festas e clubes.
No entanto, por trás dessa fachada de felicidade, Ivan Ilitch era um homem infeliz e insatisfeito. Ele não amava a sua esposa, que se tornou uma mulher irritante e exigente. Ele não se importava com os seus filhos, que eram egoístas e indiferentes. Ele não tinha paixão pelo seu trabalho, que era monótono e burocrático. Ele não tinha nenhum propósito ou significado na sua vida, apenas seguia o que era esperado dele pela sociedade.
A sua vida mudou quando ele sofreu uma queda ao pendurar uma cortina na sua nova casa. Ele machucou o lado esquerdo do seu abdômen e começou a sentir dores constantes. Ele procurou vários médicos, mas nenhum deles conseguiu diagnosticar ou curar a sua doença. Ele foi ficando cada vez mais fraco e debilitado, até ficar confinado na sua cama.
Nesta parte, Tolstói nos mostra como Ivan Ilitch viveu uma vida vazia e superficial, sem se questionar sobre o seu verdadeiro eu ou sobre o sentido da sua existência. Ele nos mostra como ele foi vítima da sua própria ilusão, acreditando que era feliz quando na verdade era infeliz. Ele nos mostra como ele desperdiçou o seu tempo e a sua energia com coisas fúteis e inúteis, sem se dedicar ao que realmente importa.
A morte de Ivan Ilitch
A última parte do livro narra os últimos dias de Ivan Ilitch, que enfrenta a morte com angústia e desespero. Ele se dá conta de que toda a sua vida foi uma mentira e que ele não fez nada de bom ou de útil. Ele se sente abandonado e incompreendido por todos, inclusive por Deus. Ele se pergunta por que ele tem que morrer e qual é o sentido da sua morte.
Ele só encontra algum consolo na presença de Guerássim, o seu criado, que o trata com bondade e simplicidade. Guerássim não tem medo da morte e aceita-a como parte da vida. Ele diz a Ivan Ilitch que ele deve morrer como deve viver, com coragem e dignidade.
No final, Ivan Ilitch tem uma epifania e compreende que a sua vida foi uma tragédia porque ele viveu para si mesmo e não para os outros. Ele percebe que a verdadeira felicidade está no amor e na compaixão, e não no egoísmo e na ambição. Ele se arrepende dos seus erros e pede perdão à sua esposa e ao seu filho. Ele se entrega à morte com paz e alívio, dizendo as suas últimas palavras: "O que é isso? A morte! Não, não!"
Nesta parte, Tolstói nos mostra como Ivan Ilitch finalmente encontra o sentido da sua vida na hora da sua morte. Ele nos mostra como ele se liberta da sua ilusão e se confronta com a sua verdade. Ele nos mostra como ele se reconcilia consigo mesmo, com os outros e com Deus. Ele nos mostra como ele alcança a redenção e a salvação.
Conclusão
A morte de Ivan Ilitch é uma obra profundamente filosófica e existencialista, que aborda temas como a felicidade, o sofrimento, a morte, a verdade e a mentira. Tolstói usa uma linguagem simples e direta, mas ao mesmo tempo rica em detalhes e simbolismos, para retratar a condição humana diante da finitude da vida. O autor também faz uma crítica à sociedade burguesa e à hipocrisia dos seus valores.
A leitura deste livro é uma experiência transformadora, que nos faz refletir sobre o nosso próprio modo de viver e sobre o que realmente importa. A morte de Ivan Ilitch é um clássico universal, que merece ser lido e relido por todos aqueles que buscam um sentido para a sua existência.
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