O mito do racismo estrutural no Brasil

 

O mito do racismo estrutural no Brasil

Introdução

Neste post, vou falar sobre alguns aspectos da história do Brasil que mostram como o racismo estrutural não se aplica à nossa realidade. O racismo estrutural é um conceito que se refere à forma como o Estado e as instituições se organizam para discriminar e oprimir os grupos raciais minoritários, criando desigualdades e violências que se perpetuam ao longo do tempo. No entanto, esse conceito não leva em conta as especificidades da formação social e cultural do Brasil, que teve uma grande miscigenação entre os diferentes povos que aqui habitaram.

O que é racismo estrutural?

O racismo estrutural é um conceito fundamental na discussão sobre desigualdade racial. Ele se refere a um sistema de discriminação e desigualdade enraizado nas estruturas e instituições sociais, que perpetuam injustiças com base na raça. O racismo estrutural não se limita a atos individuais de discriminação, mas é incorporado nas políticas, práticas e sistemas que moldam a sociedade.

Este tipo de racismo pode se manifestar de várias formas, como a disparidade racial em oportunidades de educação, emprego, habitação e justiça criminal. Também pode estar presente na representação midiática estereotipada, no acesso limitado a serviços de saúde e em muitas outras áreas da vida cotidiana.

Ao longo deste artigo mostraremos exemplos e explicações sobre como esta realidade não se aplica ao nosso país, e que afirmar isso seria desconsiderar nossa história e nossos moldes culturais.

Negros livres no Brasil colonial

Um exemplo de como o racismo estrutural não se encaixa na história do Brasil é o fato de que, no período colonial, os negros livres tinham os mesmos direitos civis dos brancos, podendo exercer diversas profissões, possuir propriedades e até mesmo escravizar outros negros. Além disso, muitos negros participaram ativamente da vida política e cultural da colônia, sendo reconhecidos por suas habilidades artísticas, intelectuais e militares.

Um caso emblemático é o de Henrique Dias, um negro livre que se tornou governador dos crioulos e dos pretos da capitania de Pernambuco, sendo condecorado com a Ordem de Cristo pelo rei de Portugal. Henrique Dias foi um dos principais líderes da resistência contra os invasores holandeses, comandando um exército de mais de mil homens. Ele também foi um benfeitor da Igreja Católica, fundando conventos e capelas.

Outro exemplo é o de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, um dos maiores artistas do barroco brasileiro. Aleijadinho era filho de um arquiteto português e uma escrava africana, e sofria de uma doença degenerativa que lhe causava deformações nas mãos e nos pés. Apesar disso, ele criou obras-primas da escultura e da arquitetura, como os profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.

Um fato que demonstra a existência de negros livres no Brasil colonial é a prática dos senhores alforriarem seus escravos antes deles morrerem. Isso acontecia por diversos motivos, como gratidão pelos serviços prestados, compaixão pela situação dos escravos idosos ou doentes, interesse em evitar despesas com o sustento dos escravos improdutivos ou desejo de garantir a salvação da própria alma. Essas alforrias eram concedidas gratuitamente ou mediante pagamento simbólico. Segundo alguns historiadores, essa prática era tão comum que chegou a ser regulamentada pela Coroa portuguesa em 1755.

Miscigenação entre portugueses e indígenas

Outro aspecto que evidencia a diversidade racial do Brasil é o fato de que os portugueses brancos se casaram com os nativos indígenas desde o início da colonização, gerando uma grande população de mestiços que foram incorporados à sociedade. Essa miscigenação foi incentivada pela própria Coroa portuguesa, que via nela uma forma de povoar e civilizar as terras brasileiras. Diferentemente de outras colônias europeias, onde os indígenas foram exterminados ou segregados, no Brasil eles tiveram uma participação importante na formação da cultura nacional, contribuindo com sua língua, sua religião, sua arte e seus costumes.

Um exemplo dessa influência indígena na cultura brasileira é a língua tupi-guarani, que foi amplamente falada pelos colonos e pelos jesuítas, e que deixou marcas no vocabulário e na gramática do português brasileiro. Muitas palavras de origem tupi-guarani são usadas até hoje para designar animais, plantas, lugares e objetos típicos do Brasil, como jacaré, mandioca, Itaquaquecetuba e maracá.

Outro exemplo é a religião católica, que foi adaptada pelos jesuítas para incorporar elementos da cosmovisão indígena. Os santos católicos foram associados aos espíritos da natureza dos índios, como Tupã (Deus), Anhangá (Diabo) e Nhanderuvuçu (São Pedro). Os rituais católicos também foram misturados com as danças e as músicas indígenas, dando origem a manifestações culturais como o carimbó, o bumba-meu-boi e o fandango.

Amigos de Dom Pedro II

Por fim, um exemplo que ilustra a convivência harmoniosa entre as raças no Brasil é o fato de que o imperador Dom Pedro II, o último monarca do país, tinha vários amigos negros, com os quais mantinha uma relação de respeito e admiração. Entre eles, destacam-se o escritor Machado de Assis, considerado o maior nome da literatura brasileira; o engenheiro André Rebouças, responsável por importantes obras públicas; e o abolicionista José do Patrocínio, que liderou o movimento pela libertação dos escravos. Dom Pedro II foi um defensor da abolição da escravatura e um admirador da cultura africana, chegando a visitar o Egito e a aprender árabe.

Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, e autor de obras-primas como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Quincas Borba. Ele era filho de um mulato e uma portuguesa, e teve uma infância pobre e uma educação autodidata. Ele foi amigo pessoal de Dom Pedro II, que o apoiou em sua carreira literária e lhe concedeu a Ordem do Rosa.

André Rebouças foi um dos primeiros engenheiros formados no Brasil, e participou de projetos como a iluminação a gás do Rio de Janeiro, a construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba e o saneamento básico de Salvador. Ele era filho de um advogado negro e uma mulata, e foi educado na Europa. Ele também foi amigo íntimo de Dom Pedro II, que o nomeou conselheiro imperial e lhe conferiu a Ordem do Cruzeiro.

José do Patrocínio foi um dos principais líderes do movimento abolicionista, que culminou na assinatura da Lei Áurea em 1888. Ele era filho de um padre português e uma escrava africana, e se tornou um jornalista influente e um orador carismático. Ele era admirado por Dom Pedro II, que o chamava de "o Tigre da Abolição" e lhe ofereceu asilo político após a proclamação da República.

Conclusão

Diante desses fatos, fica claro que o Brasil não pode ser enquadrado na lógica do racismo estrutural, pois sua história mostra uma rica interação entre as diferentes etnias que compõem sua população. O Brasil é um país plural e tolerante, onde todos têm oportunidades iguais e são valorizados por suas qualidades individuais. Portanto, devemos rejeitar as narrativas que tentam impor uma visão distorcida e negativa da nossa identidade nacional, pois elas não correspondem à verdade.

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