A escola austríaca de economia é uma das principais correntes de pensamento econômico da história. Ela se caracteriza por enfatizar a importância da ação humana, da ordem espontânea e da livre iniciativa na formação dos mercados e dos preços. Neste artigo, vamos explicar o que é a escola austríaca, quais são seus principais conceitos e autores, e qual é sua relevância para o mundo atual.
A origem da escola austríaca
A escola austríaca surgiu no final do século XIX, na Áustria-Hungria, um império multinacional que abrangia parte da Europa Central e Oriental. O fundador da escola foi Carl Menger, um professor de economia da Universidade de Viena, que publicou em 1871 o livro Princípios de Economia Política. Nessa obra, Menger criticou as teorias econômicas dominantes na época, como o socialismo, o historicismo e o utilitarismo, e propôs uma nova abordagem baseada na subjetividade do valor e na marginalidade da utilidade.
Menger defendeu que o valor não é uma propriedade intrínseca dos bens, mas sim uma avaliação subjetiva dos indivíduos, que depende de suas preferências, expectativas e circunstâncias. Além disso, ele afirmou que a utilidade de um bem não é constante, mas sim decrescente à medida que se consome mais unidades dele. Essas ideias deram origem à chamada teoria do valor subjetivo ou marginalista, que revolucionou a ciência econômica e influenciou outras escolas, como a neoclássica e a keynesiana.
Menger também foi o mentor de dois dos mais importantes economistas da escola austríaca: Eugen von Böhm-Bawerk e Friedrich von Wieser. Eles desenvolveram a teoria do capital e do juro, explicando como os agentes econômicos planejam seus investimentos ao longo do tempo, levando em conta a preferência temporal, a produtividade marginal e o custo de oportunidade. Böhm-Bawerk também foi um dos primeiros críticos da teoria marxista da exploração, demonstrando as falhas lógicas e empíricas do conceito de mais-valia.
A expansão da escola austríaca
A escola austríaca ganhou projeção internacional no início do século XX, com a contribuição de Ludwig von Mises, um discípulo de Böhm-Bawerk. Mises foi um dos maiores defensores do liberalismo econômico e político, e um dos mais ferrenhos opositores do socialismo e do intervencionismo. Ele publicou diversas obras fundamentais para a escola austríaca, como A Teoria do Dinheiro e do Crédito (1912), Socialismo (1922), Ação Humana (1949) e A Mentalidade Anticapitalista (1956).
Mises foi o criador da abordagem praxeológica, que consiste em deduzir as leis econômicas a partir de axiomas lógicos baseados na realidade humana. A praxeologia parte do princípio de que os seres humanos agem racionalmente, buscando satisfazer seus fins com os meios disponíveis. A partir dessa premissa, Mises desenvolveu uma teoria econômica que explica fenômenos como o valor, o dinheiro, o capital, o ciclo econômico, a inflação, o empreendedorismo e a concorrência.
Mises também foi o responsável por formar uma nova geração de economistas austríacos, entre eles Friedrich Hayek, Murray Rothbard e Israel Kirzner. Hayek foi um dos principais expoentes da teoria da ordem espontânea, que afirma que as instituições sociais, como o mercado, o direito e a linguagem, são frutos da evolução cultural e não do planejamento centralizado. Ele também foi um dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia em 1974, por seus estudos sobre as limitações do conhecimento humano na coordenação das atividades econômicas.
Rothbard foi o fundador do anarcocapitalismo, uma vertente do libertarianismo que defende a abolição total do Estado e a substituição de seus serviços por empresas privadas. Ele também foi um dos principais teóricos da ética da liberdade, que se baseia no princípio da não-agressão e na propriedade privada como fundamentos da convivência social. Rothbard escreveu obras como Man, Economy and State (1962), Power and Market (1970), A Ética da Liberdade (1982) e Uma Nova História do Pensamento Econômico Ocidental (1995).
Kirzner foi o principal representante da teoria do empreendedorismo, que enfatiza o papel do empresário como descobridor de oportunidades de lucro e coordenador dos recursos escassos. Ele também foi um dos pioneiros da análise econômica das instituições, mostrando como as regras jurídicas e os incentivos afetam o comportamento dos agentes econômicos. Kirzner é autor de livros como Competição e Atividade Empresarial (1973), Descoberta, Capitalismo e Distribuição de Renda (1979) e A Economia da Descoberta (1997).
A importância da escola austríaca
A escola austríaca de economia é uma das mais influentes e respeitadas no mundo acadêmico e no debate público. Suas ideias têm inspirado diversos movimentos sociais e políticos, como o liberalismo clássico, o libertarianismo, o anarcocapitalismo e o conservadorismo. Além disso, a escola austríaca tem contribuído para o avanço do conhecimento científico e filosófico em diversas áreas, como a ética, a epistemologia, a sociologia, a história e a psicologia.
A escola austríaca oferece uma visão realista, humanista e otimista da economia e da sociedade. Ela reconhece a complexidade, a diversidade e a criatividade dos seres humanos, e defende que a melhor forma de promover o bem-estar social é através da liberdade individual e da cooperação voluntária. Ela também alerta para os perigos do intervencionismo estatal e do planejamento centralizado, que geram distorções, ineficiências e injustiças.
A escola austríaca é uma fonte de conhecimento, inspiração e esperança para todos aqueles que valorizam a liberdade, a responsabilidade, a propriedade, a paz e o progresso.
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