A reforma tributária: o maior imposto do mundo

Câmara dos Deputados

Introdução

Você sabe o que é a reforma tributária e como ela pode afetar a sua vida? Neste artigo, vamos explicar o que é a proposta do governo federal, por que ela tem gerado tanta polêmica e quais são os seus possíveis impactos para os brasileiros. Acompanhe!

O que é a reforma tributária?

A reforma tributária é um conjunto de mudanças na legislação que define como são cobrados os impostos no país. O objetivo da reforma é simplificar, modernizar e tornar mais eficiente o sistema tributário brasileiro, que é considerado um dos mais complexos e burocráticos do mundo.

Atualmente, existem mais de 90 tributos no Brasil, entre impostos, taxas e contribuições, que são cobrados pelos três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Essa multiplicidade de tributos gera uma série de problemas, como:

- alta carga tributária;

- distorções na distribuição da arrecadação;

- guerra fiscal entre os estados;

- insegurança jurídica para os contribuintes;

- elevado custo de conformidade;

- baixa transparência e controle social.

Para resolver esses problemas, o governo federal apresentou uma proposta de reforma tributária que pretende simplificar e unificar alguns impostos federais, como o PIS, a Cofins, o IPI, o IOF e a CSLL. A ideia é criar um novo imposto sobre valor agregado (IVA), chamado de Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), com uma alíquota única de 12%.

O IVA é um imposto que incide de forma não cumulativa, ou seja, somente sobre o que foi agregado em cada etapa da produção de um bem ou serviço, excluindo valores pagos em etapas anteriores. O modelo acaba com a incidência de impostos em cascata, um dos problemas históricos do sistema tributário brasileiro.

A proposta do governo federal é baseada nas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 45/2019 e 110/2019, que tramitam no Congresso Nacional há quatro anos e contam com o apoio da sociedade civil organizada. As PECs preveem a criação de um IVA dual, com dois subimpostos: um federal (IBS) e um estadual-municipal (IS).

A diferença entre o IVA proposto pelo governo e o IVA dual das PECs é que o primeiro abrange apenas os impostos federais, enquanto o segundo inclui também os impostos estaduais e municipais (ICMS e ISS). Além disso, o IVA dual tem alíquotas variáveis conforme o tipo de produto ou serviço, enquanto o IVA do governo tem uma alíquota única.

Por que a reforma tributária é polêmica?

A proposta do governo federal tem sido alvo de críticas de diversos setores da sociedade, que alegam que a reforma vai aumentar a carga tributária e prejudicar os mais pobres. Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a alíquota de 12% é a maior do mundo entre os países que adotam o IVA. Além disso, a reforma não contempla a redução de outros impostos, como o Imposto de Renda, nem a correção da tabela do IRPF, que está defasada há anos.

Outro ponto controverso da reforma é que ela não abrange os impostos estaduais e municipais, como o ICMS e o ISS, que representam uma parcela significativa da arrecadação e da complexidade tributária. Para isso, seria necessário um amplo pacto federativo entre os entes da federação, o que demandaria mais tempo e negociação.

A reforma tributária também enfrenta resistências de setores econômicos que seriam mais afetados pela mudança, como o comércio, os serviços e as instituições financeiras. Esses setores argumentam que a reforma vai encarecer os seus produtos e serviços e reduzir a sua competitividade.

Alguns produtos essenciais para a população também podem sofrer alterações nos seus preços com a reforma tributária. Por exemplo, a cesta básica, que hoje é isenta de impostos federais, passaria a ser tributada pelo IVA de 12%. Por outro lado, o governo propõe a criação de uma Cesta Básica Nacional de Alimentos, que seria subsidiada pelo Tesouro Nacional e distribuída para as famílias de baixa renda.

Outro exemplo são os combustíveis e os lubrificantes, que teriam um regime de tratamento diferenciado, com o IVA sendo cobrado apenas uma vez na cadeia produtiva, no refino ou na importação. A mudança poderia reduzir o preço desses produtos para o consumidor final, mas também diminuiria a arrecadação dos estados.

Além disso, a reforma tributária prevê a criação de um "imposto do pecado", que incidiria sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e refrigerantes. A ideia é desestimular o consumo desses produtos e arrecadar mais recursos para o financiamento da saúde pública, que como sabemos será apenas mais uma forma de inflar o Estado e sugar o dinheiro do contribuinte.

Quais são os impactos da reforma tributária?

A reforma tributária é um tema complexo e polêmico, que envolve interesses econômicos, políticos e sociais. É preciso debater com transparência e responsabilidade os impactos da proposta para os diferentes segmentos da população e para o desenvolvimento do país.

De acordo com os defensores da reforma, ela traria benefícios como:

- simplificação do sistema tributário;

- redução da burocracia e dos custos administrativos;

- aumento da produtividade e da competitividade das empresas;

- melhoria do ambiente de negócios e do clima de investimentos;

- maior segurança jurídica para os contribuintes;

- maior eficiência na arrecadação e na fiscalização;

- maior transparência e controle social sobre os tributos.

Por outro lado, os críticos da reforma apontam riscos como:

- aumento da carga tributária;

- aumento da desigualdade e da injustiça fiscal;

- perda de autonomia dos estados e municípios;

- perda de receita de setores estratégicos;

- perda de incentivos fiscais para áreas prioritárias;

- perda de competitividade de produtos nacionais;

- perda de poder de compra dos consumidores.

Segundo o governo, a reforma tributária não tem o objetivo de aumentar ou diminuir a carga tributária total do país, mas sim de redistribuí-la de forma mais equitativa e eficiente. O governo afirma que a reforma é fundamental para o Brasil, pois possibilitará que a economia cresça, no mínimo, 12% a mais, e reduzirá as desigualdades sociais e regionais.

No entanto, as estimativas sobre os efeitos da reforma tributária são incertas e dependem de vários fatores, como as alíquotas dos impostos, as regras de transição, as compensações entre os entes federativos e as reações dos agentes econômicos. Além disso, a reforma tributária não é suficiente para resolver todos os problemas fiscais do país, que também dependem de outras medidas, como o controle dos gastos públicos, a reforma administrativa e a reforma previdenciária.

Como participar do debate sobre a reforma tributária?

A reforma tributária é um assunto que interessa a todos os brasileiros, pois afeta diretamente a vida das pessoas e das empresas. Por isso, é importante que todos estejam informados e engajados nesta reforma que trará mudanças positivas tão significativas para o país.

Você pode participar do debate sobre a reforma tributária de várias formas:

- Acessando a página do Ministério da Fazenda sobre a Reforma Tributária, onde você encontra informações objetivas sobre o tema, como mitos e verdades, perguntas e respostas, as propostas legislativas que são referência para o debate, além de estudos, notícias e apresentações sobre a Reforma.

- Acompanhando as notícias sobre a tramitação da reforma no Congresso Nacional, onde você pode conferir as agendas das comissões especiais que analisam as PECs 45/2019 e 110/2019, participar de audiências públicas, e ficar por dentro das discussões e argumentos apresentados pelos parlamentares.

- Participando de eventos e seminários promovidos por entidades da sociedade civil, associações empresariais, universidades e outros grupos interessados na reforma tributária. Esses eventos são espaços importantes para ouvir diferentes perspectivas, fazer perguntas e contribuir com ideias.

- Engajando-se nas redes sociais e em fóruns online para discutir a reforma tributária. Compartilhe informações, participe de debates virtuais, e esteja atento às opiniões e preocupações de outros cidadãos. O debate democrático é fundamental para construir uma reforma que atenda aos interesses da sociedade como um todo.

- Enviando sugestões e críticas aos seus representantes no Congresso Nacional. Entre em contato com os parlamentares que representam o seu estado e expresse suas opiniões sobre a reforma tributária. A participação cidadã é crucial para influenciar as decisões políticas.

- Participando de consultas públicas e contribuindo com manifestações em órgãos oficiais que estejam promovendo debates sobre a reforma tributária. Essa é uma oportunidade formal para apresentar suas ideias e preocupações diretamente aos responsáveis pela elaboração da reforma.

Lembre-se de que a reforma tributária é um processo complexo e delicado, envolvendo diversos interesses e visões de mundo. O envolvimento da sociedade é fundamental para garantir que a reforma atenda aos interesses da maioria e promova o desenvolvimento sustentável do país.

Em resumo, a reforma tributária proposta pelo governo federal é uma tentativa de reestruturar o sistema tributário brasileiro, simplificando e tornando mais eficiente a arrecadação de impostos. No entanto, a proposta parece estar caminhando rumo a um futuro incerto e no fim quem paga essa conta somos todos nós. 

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