A dipirona é um medicamento muito usado no Brasil para aliviar dores e febres, mas que é proibido em mais de 30 países. Por que essa substância é tão controversa? Qual é o risco de usá-la? E por que ela é permitida no Brasil? Neste artigo, vamos explicar mais sobre a dipirona, seus benefícios, seus riscos e suas contraindicações. Acompanhe!
O que é a dipirona e como ela funciona?
A dipirona é um analgésico e antipirético, ou seja, um medicamento que alivia a dor e reduz a febre. Ela foi sintetizada pela primeira vez em 1893, na Alemanha, e comercializada com o nome de Novalgina. Ela age no sistema nervoso central, bloqueando a produção de substâncias que causam dor e inflamação, como as prostaglandinas. Ela também interfere na regulação da temperatura corporal, fazendo com que o organismo elimine o excesso de calor.
A dipirona pode ser administrada por via oral, em comprimidos ou gotas, ou por via intravenosa, em casos mais graves. Ela costuma ter um efeito rápido e duradouro, podendo aliviar dores de cabeça, cólicas, dores musculares, dores articulares, dores pós-operatórias e febres causadas por infecções.
Por que a dipirona é proibida em alguns países?
Apesar de ser um medicamento eficaz e popular no Brasil, a dipirona é proibida em mais de 30 países, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. O motivo dessa proibição é o risco de a dipirona causar uma grave reação adversa chamada agranulocitose, que é a redução drástica dos glóbulos brancos no sangue, responsáveis pela defesa do organismo contra infecções. A agranulocitose pode levar à morte por septicemia, que é a infecção generalizada do corpo.
A relação entre a dipirona e a agranulocitose foi sugerida na década de 1970, quando surgiram relatos de casos fatais associados ao uso do medicamento. Diante desses relatos, muitos países decidiram banir a dipirona do mercado, alegando que ela era insegura e que havia outras alternativas mais eficazes e menos arriscadas para tratar a dor e a febre.
Por que a dipirona é permitida no Brasil?
No entanto, alguns países, como o Brasil, mantiveram a dipirona liberada, argumentando que os casos de agranulocitose eram raros e que não havia evidências científicas suficientes para provar uma relação causal entre a dipirona e essa reação. Além disso, a dipirona é um medicamento barato e acessível, que beneficia muitas pessoas que não podem pagar por outros analgésicos mais caros.
A questão da dipirona ainda é motivo de debate entre os especialistas. Alguns estudos sugerem que a dipirona pode causar agranulocitose em uma frequência de 0,2 a 2 casos por milhão de pessoas expostas ao medicamento, o que seria considerado um risco muito baixo. Outros estudos apontam que essa frequência pode ser maior, variando de 4 a 10 casos por milhão de pessoas. Além disso, há fatores genéticos e ambientais que podem influenciar na suscetibilidade à agranulocitose, como a etnia, o uso concomitante de outros medicamentos e a presença de infecções virais.
Segundo dados da Anvisa, cerca de **215 milhões** de doses de dipirona foram comercializadas no Brasil apenas em 2022. Isso mostra que esse medicamento tem uma grande aceitação entre os consumidores brasileiros.
Quais são as contraindicações da dipirona?
Portanto, não há uma resposta definitiva sobre se a dipirona é segura ou não. O que se recomenda é que as pessoas usem esse medicamento com cautela e sob orientação médica, evitando o uso prolongado ou indiscriminado. A dipirona também tem algumas contraindicações, como:
- Alergia à dipirona ou aos seus componentes;
- Deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), que pode causar anemia hemolítica;
- Asma ou doenças respiratórias crônicas;
- Doenças renais ou hepáticas;
- Gravidez ou amamentação;
- Crianças menores de 3 meses ou com menos de 5 kg.
Também é importante ficar atento aos sinais de agranulocitose, como febre persistente, dor de garganta, aftas, sangramentos e infecções recorrentes. Nesses casos, deve-se procurar um médico imediatamente e informar sobre o uso da dipirona.
Conclusão
A dipirona é um medicamento que tem seus benefícios e seus riscos, como qualquer outro. Cabe aos profissionais da saúde e aos pacientes avaliarem cada caso e decidirem se vale a pena ou não usá-la. O importante é sempre seguir as orientações médicas e respeitar as doses e os intervalos recomendados. Assim, é possível aproveitar os efeitos da dipirona sem colocar a saúde em risco.
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