Você já se perguntou o que o governo faz com o nosso dinheiro? Se você é como a maioria das pessoas, provavelmente não tem muita ideia de como o Estado arrecada e gasta os recursos que saem do seu bolso. Mas esse é um assunto que deveria interessar a todos os cidadãos, pois afeta diretamente a nossa qualidade de vida, a nossa liberdade e o nosso futuro.
Neste artigo, vamos nos basear no livro "O que o governo faz com o nosso dinheiro", do economista Murray Rothbard, para entender melhor como funciona o sistema monetário e fiscal, quais são os efeitos das políticas públicas sobre a economia e a sociedade, e quais são as alternativas possíveis para um modelo mais justo e eficiente.
O que é moeda e como ela surgiu
A moeda é um bem que serve como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Ela facilita as transações entre as pessoas, pois permite que elas expressem os preços dos bens e serviços em uma unidade comum, e que guardem uma parte da sua renda para o futuro.
A moeda surgiu de forma espontânea no mercado, como resultado da evolução do escambo. As pessoas perceberam que alguns bens eram mais aceitos do que outros nas trocas, e passaram a usá-los como intermediários. Esses bens eram chamados de moedas-mercadoria, e podiam ser sal, gado, conchas, metais preciosos, etc.
Com o tempo, os metais preciosos se destacaram como as melhores moedas-mercadoria, pois tinham algumas características desejáveis, como durabilidade, divisibilidade, homogeneidade, escassez e facilidade de transporte. O ouro e a prata se tornaram as moedas mais usadas no mundo, e foram cunhados em unidades padronizadas pelos governos ou pelos bancos.
Como o governo se apropriou da moeda
O governo sempre teve interesse em controlar a moeda, pois isso lhe dava poder e riqueza. O Estado começou a interferir na moeda de várias formas, como:
- Estabelecendo o monopólio da cunhagem e da emissão de papel-moeda.
- Alterando o peso e a pureza das moedas metálicas, reduzindo o seu valor real.
- Impondo leis de curso forçado, obrigando as pessoas a aceitarem o papel-moeda como meio de pagamento legal.
- Criando bancos centrais, que tinham o poder de regular a oferta monetária e os juros.
- Abandonando o padrão-ouro, que limitava a expansão monetária pelo estoque de metal disponível.
- Criando moedas fiduciárias, que não tinham lastro em nenhum bem físico, mas apenas na confiança no governo.
Quais são as consequências da intervenção governamental na moeda
A intervenção do governo na moeda tem vários efeitos negativos sobre a economia e a sociedade, como:
- Inflação: O aumento da oferta monetária sem um aumento proporcional da produção de bens e serviços gera uma perda do poder de compra da moeda. Isso prejudica especialmente os mais pobres, que têm menos capacidade de se proteger da alta dos preços.
- Distorções: A manipulação da taxa de juros pelo banco central altera os sinais do mercado sobre as preferências dos consumidores e os custos dos produtores. Isso leva a um mau uso dos recursos escassos, gerando desperdícios e ineficiências.
- Desigualdades: A expansão monetária beneficia os primeiros receptores da nova moeda, que podem comprar mais bens e serviços antes que os preços subam. Esses receptores são geralmente os governos, os bancos e os grandes empresários. Já os últimos receptores são os trabalhadores assalariados, os poupadores e os pequenos comerciantes, que sofrem com a perda do valor da moeda.
- Instabilidade: A expansão monetária cria ciclos de boom e bust na economia. No boom, há um excesso de crédito e investimento em projetos insustentáveis. No bust, há uma retração do crédito e uma liquidação dos projetos inviáveis. Isso gera crises, desemprego e falências.
- Corrupção: O controle da moeda pelo governo abre espaço para a corrupção, o clientelismo, o lobby e o financiamento de campanhas. O Estado usa a moeda para favorecer seus aliados e prejudicar seus inimigos, comprando votos e influenciando a opinião pública.
- Violação: O governo viola os direitos individuais dos cidadãos ao se apropriar da moeda. Ele impõe impostos, que são uma forma de roubo. Ele confisca as poupanças, que são uma forma de poupança. Ele inflaciona a moeda, que é uma forma de fraude. Ele proíbe as pessoas de usarem outras moedas, que são uma forma de liberdade.
- Guerra: O governo usa a moeda para financiar guerras, que são uma forma de agressão. Ele imprime dinheiro para pagar os soldados, os armamentos e os aliados. Ele endivida-se com outros países para sustentar os conflitos. Ele sacrifica a vida e a propriedade dos seus cidadãos em nome de interesses políticos.
Quais são as alternativas para um sistema monetário mais justo e eficiente
A alternativa proposta por Rothbard é abolir o monopólio estatal sobre a moeda e os impostos, e deixar que o mercado livre regule a oferta e a demanda de bens e serviços. Ele defende uma economia baseada no padrão-ouro, na livre concorrência entre bancos privados, na ausência de intervenção governamental e na soberania do consumidor. Ele acredita que esse sistema seria mais justo, eficiente e estável do que o atual, pois respeitaria os princípios da propriedade privada, da liberdade contratual e da lei da oferta e da demanda.
O padrão-ouro consiste em usar o ouro como moeda, ou como lastro para as moedas emitidas pelos bancos. O ouro tem as vantagens de ser escasso, durável, divisível, homogêneo e facilmente reconhecível. Ele mantém o seu valor ao longo do tempo, pois não pode ser criado artificialmente pelo governo. Ele também permite a livre circulação entre os países, pois é aceito internacionalmente.
A livre concorrência entre bancos privados consiste em permitir que qualquer instituição financeira emita moedas ou notas conversíveis em ouro, desde que cumpra as suas obrigações com os seus clientes. Os bancos teriam que manter uma reserva fracionária de ouro para garantir a liquidez das suas operações. Os bancos que emitissem mais moeda do que pudessem honrar seriam punidos pelo mercado, pois perderiam a confiança dos seus depositantes e credores.
A ausência de intervenção governamental consiste em eliminar qualquer regulação ou subsídio do Estado sobre o sistema monetário e financeiro. O governo não teria o poder de criar ou controlar a moeda, nem de cobrar impostos sobre ela. O governo também não teria o poder de resgatar ou proteger os bancos em caso de falência ou crise. O mercado seria o único responsável por definir as taxas de juros, os preços e os salários.
A soberania do consumidor consiste em dar ao indivíduo o direito de escolher qual moeda ele quer usar nas suas transações. O consumidor poderia optar pela moeda que lhe oferecesse mais segurança, conveniência e poder de compra. O consumidor também poderia optar por outras formas de pagamento, como criptomoedas, cartões ou cheque.
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